terça-feira, 10 de setembro de 2019

Speedrome e Figure 8: O cruzamento com a loucura na terra do automobilismo! By Geferson Kern



     Indianápolis é um santuário. Neste fim de semana, os olhares do mundo do esporte a motor se voltam mais uma vez para a Capital Mundial do Automobilismo. Não se trata das 500 Milhas, é claro, que ocorrem em maio. Mas de outra prova renomada, longa, difícil, de caráter internacional, exigente, perigosa e com uma bela premiação em dinheiro. Trata-se da edição de 25 anos da Brickyard 400, da Nascar? Poderia, mas o assunto aqui é o inigualável World Figure 8 Championship. É a maior corrida do mundo em pistas em formato de 8, como os velhos autoramas, com a sutil diferença de que, aqui, não há nenhum tipo de ponte quando os traçados se cruzam.

     Você já deve ter visto vídeos disso e agora saberá do que se trata: os carros simplesmente passam uns pelos outros como num cruzamento de trânsito, sem placas de Pare e com os semáforos estragados. Estas corridas costumam serem disputadas com stock cars e são populares na América do Norte. Acredita-se que este tipo de competição, chamada Figure 8, nasceu na casa do evento deste fim de semana, o Indianapolis Speedrome, que está em operação desde a década de 40 – e sim, esta é mais uma daquelas coisas que só Indianápolis proporciona a você. Há pelo menos cerca de 60 outras pistas do gênero espalhadas por EUA e Canadá, mas a Meca, é claro, está em Indy.

     O circuito hospeda diversas provas do gênero ao longo do ano, mas esta é especial: será a 43ª edição da prova. A premiação supera os 50 mil dólares, dos quais 20 mil ficam com o vencedor. O grid é limitado a 28 carros – que pode ser expandido para 30 em caso de mais de 50 inscritos –, com um sistema de classificação com sabor das provas de sprint cars e midgets: apenas os dez primeiros do qualify se garantem no grid. Os demais precisam disputar baterias classificatórias, o que lembra também o sistema de classificação da Daytona 500. E o melhor: a prova é delimitada não por número de voltas, mas pelo tempo. E se já parece uma loucura estar em uma corrida em que é preciso atravessar um cruzamento, saiba que os aspirantes ao título mundial de Figure 8 o farão ao longo de TRÊS HORAS na noite do sábado.

     O mais incrível de tudo: raramente há mortes neste tipo de corrida. O último falecimento por uma batida no cruzamento do Speedrome, por exemplo, foi de Dale Caldwell, em junho de 1960. Segundo o jornal The New York Times, entre 98 e 2010, foram registradas três mortes em provas de Figure 8 em todo o território americano, o que não é um número alto diante da selvageria da competição – os pilotos têm, literalmente, frações de segundos para decidir, ao se aproximar do cruzamento, se frear ou acelerar é a melhor estratégia diante do fluxo vindo no outro sentido.           E isso a bordo de máquinas de chassi tubular, com bolhas inspiradas em clássicos como Camaro ou Firebird e com potências que giram de 600 a 800 cavalos...

     O traçado possui 1/5 de milha de extensão, o que representa pouco mais de 300 metros. O jornal The Indianapolis Star, em matéria de 2016, estima que os carros se cruzem até MIL vezes ao longo da prova, em velocidades na casa de 115 a 130 km/h. O fim de semana de competição, como ocorre rotineiramente nestas pitas, é todo à noite. A programação vai do anoitecer de quinta a sábado desta semana, com corridas preliminares, entre as quais uma categoria exclusiva para carros de tração dianteira. 

No link a seguir, alguns dos melhores momentos da prova de 2018:

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