Indianápolis é um santuário. Neste fim de semana, os olhares do mundo do
esporte a motor se voltam mais uma vez para a Capital Mundial do Automobilismo.
Não se trata das 500 Milhas, é claro, que ocorrem em maio. Mas de outra prova
renomada, longa, difícil, de caráter internacional, exigente, perigosa e com uma
bela premiação em dinheiro. Trata-se da edição de 25 anos da Brickyard 400, da
Nascar? Poderia, mas o assunto aqui é o inigualável World Figure 8 Championship.
É a maior corrida do mundo em pistas em formato de 8, como os velhos autoramas,
com a sutil diferença de que, aqui, não há nenhum tipo de ponte quando os
traçados se cruzam.
Você já deve ter visto vídeos disso e agora saberá do que se trata: os
carros simplesmente passam uns pelos outros como num cruzamento de trânsito, sem
placas de Pare e com os semáforos estragados. Estas corridas costumam serem
disputadas com stock cars e são populares na América do Norte. Acredita-se que
este tipo de competição, chamada Figure 8, nasceu na casa do evento deste fim de
semana, o Indianapolis Speedrome, que está em operação desde a década de 40 – e
sim, esta é mais uma daquelas coisas que só Indianápolis proporciona a você. Há
pelo menos cerca de 60 outras pistas do gênero espalhadas por EUA e Canadá, mas
a Meca, é claro, está em Indy.
O circuito hospeda diversas provas do gênero ao longo do ano, mas esta é
especial: será a 43ª edição da prova. A premiação supera os 50 mil dólares, dos
quais 20 mil ficam com o vencedor. O grid é limitado a 28 carros – que pode ser
expandido para 30 em caso de mais de 50 inscritos –, com um sistema de
classificação com sabor das provas de sprint cars e midgets: apenas os dez
primeiros do qualify se garantem no grid. Os demais precisam disputar baterias
classificatórias, o que lembra também o sistema de classificação da Daytona 500.
E o melhor: a prova é delimitada não por número de voltas, mas pelo tempo. E se
já parece uma loucura estar em uma corrida em que é preciso atravessar um
cruzamento, saiba que os aspirantes ao título mundial de Figure 8 o farão ao
longo de TRÊS HORAS na noite do sábado.
O mais incrível de tudo: raramente há mortes neste tipo de corrida. O
último falecimento por uma batida no cruzamento do Speedrome, por exemplo, foi
de Dale Caldwell, em junho de 1960. Segundo o jornal The New York Times, entre
98 e 2010, foram registradas três mortes em provas de Figure 8 em todo o
território americano, o que não é um número alto diante da selvageria da
competição – os pilotos têm, literalmente, frações de segundos para decidir, ao
se aproximar do cruzamento, se frear ou acelerar é a melhor estratégia diante do
fluxo vindo no outro sentido. E isso a bordo de máquinas de chassi
tubular, com bolhas inspiradas em clássicos como Camaro ou Firebird e com
potências que giram de 600 a 800 cavalos...
O traçado possui 1/5 de milha de extensão, o que representa pouco mais de
300 metros. O jornal The Indianapolis Star, em matéria de 2016, estima que os
carros se cruzem até MIL vezes ao longo da prova, em velocidades na casa de 115
a 130 km/h. O fim de semana de competição, como ocorre rotineiramente nestas
pitas, é todo à noite. A programação vai do anoitecer de quinta a sábado desta
semana, com corridas preliminares, entre as quais uma categoria exclusiva para
carros de tração dianteira.
No link a seguir, alguns dos melhores momentos da prova de 2018:
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