terça-feira, 3 de setembro de 2019

F1 em SPA, By Geferson Kern


     A corrida era o que menos importava depois da trágica morte de Anthoine Hubert, mas não haveria vencedor mais apropriado para o GP da Bélgica que Charlec Leclerc. Não só pelo próprio desempenho, dominante em todo o fim de semana, com direito a uma tremenda luneta aplicada sobre o companheiro Vettel e a implacável Mercedes na classificação. Muito mais importante do que isso: o monegasco era um amigo e companheiro de longa data de Hubert. Os adesivos no volante e na fuselagem do carro e seu comportamento emocional mostram o que essa vitória realmente significou.
     O destino tratou de ser caprichoso: o fim de semana que levou o jovem Anthoine foi o mesmo da primeira vitória de Charles, do retorno à categoria de Esteban Ocon – anunciado como novo piloto da Renault para 2020 – e do recomeço para Pierre Gasly, mandado de volta a Toro Rosso depois de passagem rápida e pouco satisfatória pela Red Bull. Cada um dos velhos companheiros do já saudoso garoto terá sua missão a cumprir e, de alguma forma, eles sabem disso – vide o pedido velado de Gasly a Leclerc para que vencesse a prova em nome do amigo.
     Em pista, um belo GP. Assistir uma prova em Spa é legal por si só. Independente disso, foi divertido assistir ao ataque ainda que tardio de Lewis Hamilton a Leclerc, o sacrifício da Ferrari à prova de Vettel para deter o poderio dos prateados, a gangorra da Renault no final – em que Daniel Ricciardo e Nico Hulkenberg perderam e ganharam, respectivamente, cerca de meia dúzia de posições nos dez ou doze últimos giros –, a combatividade de Sérgio Pérez, da dupla da Toro Rosso e de Alexander Albon, em estreia honrosa com a Red Bull. Uma pena que a prova não acabou uma volta antes para Lando Norris e Antonio Giovinazzi. Ainda que o último tenha sido vítima de um erro próprio, mereciam melhor sorte pelo que andaram.
     Se a Formula 1 replicar a MotoGP, onde o campeonato está decidido mas as provas tem sido muito boas, estará de ótimo tamanho para 2019. Tal qual Marc Márquez nas motos, Hamilton está léguas e léguas à frente do resto no conjunto da obra: pontos acumulados, qualidade do equipamento e nível de pilotagem. Ninguém chega nem perto dele nesta tríade. A Ferrari talvez incomode aqui e ali, mas parece mais um fogo de palha, que se destaca em pistas velozes e de longas retas – deve aparecer forte outra vez em Monza na semana que vem, mas não creio que mantenha o ritmo depois disso. Esqueçamos a taça, que já tem dono, para desfrutar do melhor que cada corrida pode oferecer.

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