quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

E o público?




Escrevi esta coluna para o jornal Pit Stop em 16 de agosto de 2010, penso que ela ainda esta atual!



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Os três mosqueteiros, o circo e os palhaços.

     Comecei a gostar deste esporte aos cinco anos de idade depois de ter acesso a revistas estrangeiras especializadas (Auto Sport e Auto Sprint), no início dos anos 60, depois disso minha mãe me levava para comprar gibi e ficava admirada que eu preferisse comprar Mecânica Popular (depois Auto Esporte e Quatro Rodas), aprendi com estas publicações a admirar pilotos corajosos e destemidos que enfrentavam às vezes até a morte para escrever seus nomes na história.

     Tenho como meu maior ídolo no esporte o grande campeão Emerson Fittipaldi e minha maior decepção, foi o dia em que ele pediu (e não levou) ao Colin Chapman para que o Ronnie Peterson o deixasse passar para ainda ter condições de disputar o mundial com Jackie Stewart. Bem fez o ‘mago’ da Lotus que não permitiu que o intento do Emmo vingasse, talvez hoje eu não tivesse a admiração que tenho pelo seu currículo.

     Dito isso venho aqui prestar minha homenagem aos ‘três mosqueteiros’ Emerson, Piquet e Senna que foram, viram e venceram sem deixar dúvidas. E me ‘ensinaram’ a gostar do esporte.

     Já Rubens, Massa e Nelson Ângelo tiveram suas vidas facilitadas pelos pioneiros, correram em grandes carros de grande equipes e até hoje estão dando explicações por falta de personalidade e de caráter. Fazendo ‘escada’ para seus companheiros de equipe e deixando um público apaixonado pelo esporte com ‘cara de bobo’ em frente ao televisor. Jamais perdoarei tais atitudes, pois nenhum deles precisava fazer o que fez por dinheiro ou para garantir emprego, qualquer um deles seguiria a carreira se denunciasse no ato e se recusasse a obedecer ordens absurdas de sua chefia de equipe.

     Aqui pelo Brasilzão as coisas não vão indo muito melhor, depois de acabar com o Brasileiro de Endurance, que teoricamente é o único campeonato nacional de ‘carros de corrida de verdade’ neste país, a CBA continua a apoiar as barbaridades que a Stock vem fazendo sob o jugo da ‘venus platinada’, é incrível que a Globo obrigue a direção da Stock a modificar as ‘regras desportivas’ do esporte como fez o ano passado e agora em Salvador, criando uma linha amarela em três pontos do circuito onde os pilotos não poderiam trocar de traçado com o intuito de ‘facilitar’ as ultrapassagens, o ano passado ‘era proibido ultrapassar na reta’ em Salvador!

     A impressão que tenho é que a Stock é um ‘Feirão de Negócios’ itinerante que tem como chamariz carros bonitos e bem pintados, o esporte, a competição não interessam nem mesmo aos pilotos e chefes de equipe, que ‘se entregam’ a qualquer pressão vinda da TV. Nem nos fóruns de automobilismo na internet se discute mais a Stock, houve uma perda total de interesse pela categoria principalmente pelos apaixonados e ‘metidos a entendidos’ como eu.

     Na edição passada do PIT STOP o Roberto Muccilo perguntava onde estamos errando, para saber o porquê do desinteresse do público em geral pelas corridas, pois nem mesmo a Porsche Cup com carros maravilhosos e o nosso regional com sessenta no grid despertam interesse no público, que não tem comparecido aos autódromos, pois a minha resposta é essa: o esporte pelo qual eu me apaixonei não é este, cheio de proibido isso, proibido aquilo, o esporte no qual aprendi a gostar de pilotos destemidos e corajosos não tem ‘largada andando em fila indiana’ com tempo seco, nem ‘safety car’ por oito voltas porque tem um carro parado trinta metros fora da pista, no esporte que eu aprendi a gostar ninguém era punido por passar por cima de uma faixa pintada no chão ou por ter ultrapassado outro piloto pelo lado de fora da pista, não tem troféu ‘bigorna’ nem ‘grid invertido’.

    A Fórmula Indy ‘mente para o público’ com carros padronizados, pilotos e dirigentes medíocres, puniram Helio Castro Neves tirando-lhe uma vitória incontestável, por que ‘trocou do traçado ideal do líder’... esperavam  o que? Quem quer ver esta categoria?

     Fica a advertência, façam o circo, mas não façam o público de ‘palhaço’, o resultado vem na bilheteria, na audiência.



     Por isso continuo assistido e gostando cada vez mais da NASCAR onde vale ‘quase tudo’ sem ‘nhém-nhém-nhém’ sem choradeira de pilotinho ‘filhinho de papai’, quem ‘pode mais chora menos’, nenhuma categoria do mundo se preocupa tanto com o que os fãs estão pensando e respeita suas pesquisas como a NASCAR, o novo ‘shape’ dos carros é uma prova disso.




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