quinta-feira, 11 de junho de 2020

Corridas sem público, ou É mas daí não adianta!



     Qual a graça de existir corridas sem público?

     Vi um post no Facebook da grande piloto Maria Cristina Rosito com essa frase e já estou a muito tempo para falar sobre isso, e o post me deu coragem.

     Eu não consigo me acostumar a ver corridas sem público, acho muito estranho, tenho a sensação de que estou fazendo algo inútil vendo aquilo, parece corrida virtual, só tem graça para quem está pilotando, penso que os pilotos e participantes pensam o mesmo e que uma corrida sem público não faz sentido.

     O ano passado assisti algumas corridas muito boas da Endurance Brasil via internet, e tive uma sensação estranha, as vezes me parecia uma corrida virtual, eu pensava nos milhões gastos pelas equipes e olhava para as arquibancadas e para o número de pessoas assistindo via WEB (ínfimo) e perdia um pouco o interesse pela prova, aquilo me parecia sem sentido.
      Diz  o ditado que quando for escolher o restaurante de estrada, escolha o que tem bastante gente na frente, se tem interessados é porque vale a pena, nada pior do que tu ser a única mesa do restaurante.

     Corridas com pouco ou mesmo sem público não são uma novidade no Brasil mas por outros problemas, muito antes do COVID 19.

     A Indy e a Nascar estão fazendo para dar satisfação aos patrocinadores que contratam um número X de corridas por ano e claramente falando, caso as provas não acontecessem, muita grana teria que ser devolvida.

     Além dos patrocínios, contratos com TV e outros compromissos, isso nos reponde porque as corridas estão acontecendo.

     Porém existem alguns fatores que me deixam pensativo e em dúvida sobre a validade dessa decisão ou experiência.

     Existe um ditado que diz: "Não deixe que seu chefe note que sua falta não faz falta", eu adapto ele para "Não deixe que seus patrocinadores notem que a falta de público não faz falta"

      Os patrocinadores devem estar se perguntando, porque pagar e investir a fortuna que pago se ninguém se interessa em ver esse evento?

     Eu sei que é psicológico, que os patrocinadores querem retorno presencial mas principalmente de público da TV, mas um evento fechado sem público passa a impressão que aquilo que está acontecendo não tem a mínima importância.

      É por isso que as cadeiras dos autódromos americanos são coloridas, para parecer que está cheio de gente, mesmo quando está vazio, porque nada que ninguém se interessa é interessante para quem quer divulgação, e a impressão que passa de uma arquibancada vazia é de que a corrida não tem a mínima importância.

     Fora o lado da vaidade dos ser humano, dos pilotos e participantes de uma corrida, ninguém quer correr, se ariscar e vencer para ninguém (presente) ver, a graça do espetáculo está em mostrar que "tu és o cara" principalmente para quem está ali presente, vendo.

     Começei a correr já faz muito tempo e desde a primeira corrida de Fusca em Tarumã quando largava mais atrás do pelotão, sempre pensava: "Não posso passar em último de jeito nenhum no Tala Larga", porque eu sabia que o último é sempre fator de gozação, e nenhum piloto quer andar em último por causa disso, se não tiver público, não faz diferença.

     Imagine tu ser um trapezista de circo (mesmo que passe na TV) e todas as sessões estão vazias, qual a graça?

     Ninguém  tem ou pilota um carro de corrida que não seja para mostrar para alguém ou para muitos amigos e inimigos que "ele é o cara", se não tiver ninguém vendo, não tem graça. é como tu ir para uma ilha deserta com a Jeniffer Lopes, namorar ela e não poder contar para ninguém, não adianta nada!

Um comentário:

  1. Exatamente. Também acho que um autódromo vazio tira toda graça e sentido das corridas. Mas tenho certeza que é provisório. As coisas voltarão ao normal.

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