sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
Aventura gaúcha em Sebring. Por Roberto Lacombe
Aventura gaúcha em Sebring.
Quem me
conhece sabe que além do fascínio por carros de corrida tenho grande apreço
pelo automobilismo americano e neste caso leia-se não só NASCAR mas pela
maneira como eles fazem as corridas por lá, inclusive as amadoras. O respeito
pelo piloto, a precisão na organização, a infraestrutura dos autódromos e a
camaradagem entre as equipes, pilotos e dirigentes amadores, não são
encontradas em nenhum outro lugar.
Desde pequeno
quando brincava de autorama (slot-car) eu sempre via anúncios de uma loja em São
Paulo chamada Sebring, e lia sobre corridas do Mundial de Marcas (antigo nome
da Endurance) sobre as 12H de Sebring, onde pilotos americanos aproveitavam a
ocasião para disputar com os pilotos do Mundial de Marcas a glória de vencer a
tradicional prova no místico circuito.
Apreciador das
provas do Mundial de Marcas, muito mais que da F1 e outras categorias, nunca me
saiu da cabeça apesar de tantos anos passados como profissional de outras áreas,
de um dia correr como amador nos US, e Sebring seria uma das pistas escolhidas,
Riverside, Watkins Glen, Laguna Seca nos US e Mosport no Canadá também estavam
no 'sonho', devido a tradição destes circuitos no campeonato mundial. Mas
Sebring seria especial devido ao carisma das 12H. Uma pista que teve Juan
Manuel Fangio, Derek Bell, Jo Siffert, Dan Gurney, Carol Shelby, entre seus
participantes e Mário Andretti e Steve McQueen disputando a vitória na mais
importante corrida não é um circuito qualquer, é mítico.
Quando soube pela internet em 2014 que alguns pilotos amadores brasileiros de São Paulo que devido ao fechamento de Interlagos pelas reformas para a F1, estavam indo para os US correr provas amadoras de longa duração e o custo era semelhante ao de correr no Brasil, pensei: - Por que não?
Quando soube pela internet em 2014 que alguns pilotos amadores brasileiros de São Paulo que devido ao fechamento de Interlagos pelas reformas para a F1, estavam indo para os US correr provas amadoras de longa duração e o custo era semelhante ao de correr no Brasil, pensei: - Por que não?
Me informei com amigos paulistas que estavam participando destas provas e conheci o Edu Harmell que também corria com um Passat Vermelho na Classic paulista (coincidência pois eu também corria com um Passat vermelho da Classic RS), e ele me deu todas as coordenadas de como funciona o 'esquema' para correr nos US.
Convidei
alguns amigos aqui do sul, O Cleiton Krause, O Erikson Brum e o outros, mas
quem topou a parada foi o Arthur Caleffi, piloto da minha equipe aqui no RS e o
Edu Harmell convidou o nosso amigo comum Mauro Kern que também é gaúcho e corre
aqui na Endurance e na Copa Classic RS, mas mora em SP.
Feito isso
escolhi esta prova (6H de Sebring) organizada pela PBOC - Porsche and BMW Owners Club - Associação dos
Proprietários de Porsches e BMWs da América pela mística do circuito, o Edu fez
o 'meio-campo' com a Equipe MAD Motorsport de Miami do proprietário preparador
Diego, um cubano que não ri, e que tem algumas BMWs E30 6C que correm na
categoria SPEC 30 tanto na FARA quanto em provas individuais no sul dos US.
Os carros são
velhos e o lay out de pintura de gosto duvidoso, com uma preparação bem 'mansa'
quase carros de track days, bem longe da
maneira como faço meus carros, mas como o que importava era estar em Sebring
acelerando, passamos por cima disto.
Chegando na
pista na quarta-feira tínhamos um treino das 18:00h as 20:00h só que anoitece
as 18H e eu só conhecia o traçado por filmes, desenhos e vídeos on board do
Youtube, mas no papel parecia fácil, não era.
Fui o primeiro
a saír, o circuíto com mais de 6km é totalmente plano com guard-rails e muro de
concreto dos dois lados, portanto de dentro do carro, não se sabe para onde vai
a próxima curva, não se enxerga a distância, e para piorar, escureceu muito
rápido e nosso carro não tinha faróis auxiliares 'cruzados' para vermos os
pontos de tangência e saída das curvas, além disso nosso preparador colocou um
filme azul nos faróis originais, para identificar o carro à noite, o que
ajudava a deixá-los mais fracos e nos deixar com muito pouca visão do traçado,
que só tem iluminação na reta dos boxes e num pequeno trecho adiante, ficando a
parte de alta do traçado como uma incógnita para os pilotos que não o conheciam.
Achei o carro 'manco'
de motor, pensei: esse carro não está abrindo a borboleta 100%) mas com um freio e uma suspensão bem feitos, o que
nos daria uma segurança para 'terminar' a prova... Depois descobri que essas
BMW vem com 180Hps de fábrica e na categoria SPEC a qual participávamos ela é
restrita a 150HPs via entrada de ar.
Neste primeiro
dia o Mauro virou o melhor tempo dos três e disse não ter tido dificuldades em 'achar'
o traçado, depois descobrimos que ele havia treinado no simulador em casa.
Na quinta feira
tínhamos um treino livre de 1/2 h pela manha e a classificação de 1/2 no final
da manhã, optamos por eu fazer o treino livre para 'descobrir' o traçado, o
Mauro classificar e o Arthur largar, assim todos andariam 'de dia' o que
facilitaria o conhecimento do circuito de 17 curvas!
Andei bem,
virei mais rápido do que havíamos virado na quarta feira, o Mauro também virou
no mesmo segundo e o Arthur largou as 15H.
Fizemos 'stints'
de uma hora e meia cada um, + - 30
voltas, pois era a capacidade do tanque de gasolina do carro, o segundo a embarcar na barata fui eu, o
Arthur havia se enroscado com um Mazda RX7 amarelo e batido de frente no muro
por dentro da curva 1, amassando um pouco a frente do carro, quando saí fiquei trancado na saída do box devido a um PACE CAR
de umas 4 voltas, saindo para a pista, fiquei
apavorado com a tremedeira no carro, pensei, esse carro não termina a
corrida, parecia que tudo estava desbalanceado, rodas, volante, cardã, etc, mas
o carro era resistente e muito bom de curva devido aos pneus Toyo semi-slicks e
em duas voltas já estava virando o tempo padrão, entre 2:50 e 2:51 tempo que
viramos os tres pilotos durante toda a prova.
O que mais me
chamou a atenção foi a camaradagem dos
pilotos com carros mais rápidos, verdadeiras usinas como Audi R8 de Endurance e
Porsches GT3 nos tratavam ao sermos ultrapassados, sempre esperavam eu fazer a
curva de baixa para passar nas retas, passei a corrida brigando com Mazdas
Miatas, dois prateados, um vermelho e dois amarelos, ultrapassava eles no miolo
e tomava nas retas... tive problemas com um piloto de um Camaro Trans AM hiper
preparado azul que foi afoito na curva da entrada da reta oposta e me deixou sem
espaço para voltar me obrigando a andar pela terra de lado até aprumar a BM de
volta a pista.
A melhor
sensação era na curva parabólica Sunset Bend, uma curva de raio longo onde o
concreto do piso tem 25 metros de
largura, ela tem duas tomadas e duas tangências, só que chegávamos nela a 185km/h,
aí eu copiava o traçado e a freada dos carros à minha frente e ou entrava muito
forte, saíndo de lado, ou entrava muito fraco perdendo tempo e traçado devido a
pilotos lentos freando demais ou carros mais rápidos e com mais 'chão' que o
nosso que contornavam melhor, nos deixando 'segurados no pincel' naquele
momento importante pois ali se ganha muito tempo de volta, pois é onde se ganha
velocidade de reta.
A sensação dentro
do carro em determinados momentos da prova era de total realização, eu cheguei
a ficar emocionado atrás de um PACE CAR, por estar ali realizando um sonho, no
meio daqueles Audis, Camaros, Porsches, Mustangs, Miatas, protótipos Radical e
outros esquisitices americanas.
Voltando ao
box durante a prova tratava de postar na web para meus amigos gaúchos e
seguidores do meu blog a experiência.
O resultado
pouco importava, mas a boa surpresa é que largamos em 53º num grid de 63 carros
e chegamos em 20º lugar na geral e 4º na categoria, sendo que dois carros da
nossa categoria nitidamente estavam bem fora do regulamento, com aerofólio,
cambio sequencial entre outras coisa visíveis.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Texto e fotos do Mauro Kern sobre a nossa aventura americana em Sebring!
Tivemos esta semana nossa tão aguardada prova em Sebring, circuito tradicional e histórico localizado no meio da Flórida. Convite do Edu Harmel, parceiro da Classic Cup, para compor o time com os amigos gaúchos Roberto Lacombe e Arthur Callefi
A prova faz parte do evento Winterfest, organizado pelo PBOC - Porsche and BMW Owners Club. São 5 dias de provas diversas e track days, envolvento centenas de carros. No meio da semana, na quinta feira, tivemos então nossa prova de 6 horas "into the night". Largada às 3 da tarde e chegada às 9 da noite. Em torno de 60 carros de diversas categorias. Vários tipos de protótipos (inclusive uns muito estranhos com motor dianteiro...), Porsches, BMWs, Corvettes, Camaros, Vipers, um monte de Miatas, um verdadeiro festival de marcas. Corremos com um BMW E30 325 ano 1988. Era praticamente um carro de rua, com motor até mais manso que o de série. O mesmo modelo foi usado pelo Edu Harmel e seu irmão João Ricardo, que correram as 6 horas em dupla.
Nossos carros eram de fato os mais lentos da prova. Eram muito bons de chão e de freios, mas fracos de motor. Não dava para ficar disputando posições e fazendo ultrapassagens. A estratégia era manter um ritmo relativamente forte e muito constante do início ao fim da prova. E esta foi a parte mais legal. Tanto o Roberto quanto o Arthur e eu fizemos a prova toda com tempos de volta muito regulares e praticamente no mesmo ritmo, tanto de dia quanto durante a noite.
Foi uma experiência bem interessante. É um evento para pilotos amadores, de organização bem simples e que nos fez sentir muito à vontade. Muito legal foi a camaradagem entre os pilotos e integrantes da equipe. É sempre muito bom concluir uma prova de resistência, longa e cansativa.
A pista, de 6020 metros de extensão, é totalmente plana e relativamente fácil. A curva que antecede a reta dos boxes foi a mais difícil de acertar, por ter duas tangências e ser totalmente cega, cercada por muros dos dois lados. A pista era relativamente bem iluminada em vários pontos. E onde não era, nossos faróis não ajudavam em nada. Tínhamos que achar o caminho na escuridão mesmo. Por não termos tido problemas mecânicos e por termos andado num ritmo bom para o desempenho do carro, acabamos subindo da 53a terceira posição na largada para 20o lugar na geral na chegada, à frente de vários carros muito mais fortes. Na categoria Spec E30, chegamos então em 4o dentre os 8 que largaram.
Foi divertido. Saímos de Sebring com aquele gosto de "quero mais". Quem sabe, uma próxima vez em outro autódromo emblemático, e com um carro mais rápido...
Só tenho a agradecer ao Edu Harmel pelo convite e pelo esmero na organização do evento para nós. E ao Roberto e ao Arthur pela amizade e pela sintonia perfeita do time durante todo o evento.
Valeu!!!
Mauro Kern
domingo, 24 de janeiro de 2016
No Faroeste da Florida! Texto e fotos do Arthur Caleffi sobre nossa aventura nos US!
Aeroporto de bombardeiros da década de 40, transformou-se em autódromo apôs a segunda guerra e já em 1952 recebeu celebridades do automobilismo mundial, como Fangio e Carol Shelby!
A pitoresca cidade de Sebring parece intacta com o passar dos anos, mantendo costumes e valores americanos, dos filmes que assistia na década de 70. Pequena e carismática, pode se considerar uma cidade de primeira, pois se passares a segunda marcha, ela já terminou.
Encontrar um lugar aberto após as 18 ou um restaurante após as 21 é questão de sorte. Porém, de uma limpeza, capricho e apresentação impecáveis, parecendo uma cidade temática digna de um filme de Faroeste!
O autódromo nada de sensacional com um traçado fantantástico ou asfalto impecável. Mas são 6 km de pista com uma volta que vira para a maioria, acima do dois minutos. Plano como a Flórida, apresenta aquele asfalto claro das pistas de decolagem de aeroportos, com curvas de baixa e de alta, com destaque para a da entrada e final da reta. Alugamos carros de um equipe de Maimi, BMWs 325 E30 da categoria Spec, da MAD Motors os quais não são mais rápidos que meus carros de rua ou pista, porém com excelentes freios e pneus, estes quando novos e resistência. Andamos na beirola traseira do grid de 60 carros.
Mas quando dividia curvas, não tomava conhecimento que estava em uma BMW E30 1988, porque na parte de dentro deslizavam R8 de Endurance, 991 da Porsche Cup, Dodge Chalenger da TransAm, Radikais, protótipos e demais carros de turismo como BMW E Mazda.
Tive a oportunidade de largar e de chegar o que foi muito legal mas o momento mais emocionante foram duas ultrapassagens que ocorreram na minha frente entre o anabolizado R8 de Endurance e o Porsche 911 991 da Porsche Cup, vencedor da etapa, no final da reta oposta acima dos 200 km/ h dividindo uma curva de 180 graus. O Audi muito mais rápido, buscava a liderança após uma quebra no começo da corrida que lhe tiraram boas voltas.
Esta cena me lembrou a emoção que tive ao olhar no retrovisor do Aldee, lá pelas 11:30 hs nas últimas 12 horas de Tarumã e ver o Nissan 27 e o MCR 46 a milhão atrás. A ultrapassagem da liderança da prova ocorreu na minha frente após a curva do Laço quase dentro do Tala-Larga.
Estar lá dentro andando e valorizando estes momentos de prazer é que pagam nossa vida. E pensar que no meu primeiro ano completo no automobilismo eu iria andar em Sonoma, tirar terceiro lugar na Força Livre da Copa Classic RS, completar umas 12 horas, recebendo a bandeirada, com arquibancada cheia, em décimo terceiro na geral e segundo na TS e em mais 40 dias fazer umas 6 horas em Sebring, tá bom demais. Agradeço por demais a Lacombe Motorsport por me levar ao mundo das Carreras, aos 43 anos sendo um obcecado desde piá e o seguinte!
Laguna Seca que me espere porque eu vou quebrar a saca-rolha!
Por Arthur Caleffi, Gol Sueca 27!
sábado, 23 de janeiro de 2016
Essa foi nossa aventura nos US.
O texto é do Edu Harmel:
Semana de realização de um grande sonho. Ano passado "tropecei" no site do PBOC (Clube de Proprietários de Porsche e BMW) e vi a programação do "Winterfest 2016", 5 dias de corridas na pista de Sebring.
Convidei alguns amigos e meu irmão e os pilotos Arthur Caleffi, Mauro Kern e Roberto Lacombe toparam a aventura. Na quarta-feira passada tivemos um treino noturno e a conclusão nossa foi: "prá que lado vai a pista" (exceto o Mauro que treinou no simulador!).
Na quinta-feira treinamos pela manhã e começamos a nos entender com o traçado e apesar dos tempos aparentemente altos, estavam condizentes com iniciantes e com os carros/categoria.
Os dois BMWs E30 foram valentes e deixaram para trás dezenas de carrões (Porshes, Corvettes, Camaros, Mustangs, etc.) e completamos as seis horas de prova, da bandeira verde à quadriculada. No #29 de tivemos problemas com os faróis que nos custaram várias voltas, mas ele aguentou valentemente.
Fui o último a cruzar a bandeirada, imediatamente desatei o cinto, retirei a rede da porta e curti uma longa volta, apenas em 3ª marcha e fiquei surpreso com a disposição dos bandeirinhas dispostos e acenando. Inesquecível. Parabéns aos pilotos, meus agradecimentos a Mad Motor, Papa, Scott Knott, Crystal, Brendon and all team.
O pessoal do PBOC sabe bem o que é fazer um evento de automobilismo.Edu Harmel
Semana de realização de um grande sonho. Ano passado "tropecei" no site do PBOC (Clube de Proprietários de Porsche e BMW) e vi a programação do "Winterfest 2016", 5 dias de corridas na pista de Sebring.
Convidei alguns amigos e meu irmão e os pilotos Arthur Caleffi, Mauro Kern e Roberto Lacombe toparam a aventura. Na quarta-feira passada tivemos um treino noturno e a conclusão nossa foi: "prá que lado vai a pista" (exceto o Mauro que treinou no simulador!).
Na quinta-feira treinamos pela manhã e começamos a nos entender com o traçado e apesar dos tempos aparentemente altos, estavam condizentes com iniciantes e com os carros/categoria.
Os dois BMWs E30 foram valentes e deixaram para trás dezenas de carrões (Porshes, Corvettes, Camaros, Mustangs, etc.) e completamos as seis horas de prova, da bandeira verde à quadriculada. No #29 de tivemos problemas com os faróis que nos custaram várias voltas, mas ele aguentou valentemente.
Fui o último a cruzar a bandeirada, imediatamente desatei o cinto, retirei a rede da porta e curti uma longa volta, apenas em 3ª marcha e fiquei surpreso com a disposição dos bandeirinhas dispostos e acenando. Inesquecível. Parabéns aos pilotos, meus agradecimentos a Mad Motor, Papa, Scott Knott, Crystal, Brendon and all team.
O pessoal do PBOC sabe bem o que é fazer um evento de automobilismo.Edu Harmel